sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Palavras.


Rabisco, escrevo, risco, rasuro, revisto, insisto, rascunho e revejo isto, ponho seta e asterisco. Pratico o que não domino, refino o estilo, e compito comigo. Eu ganho e nunca por um triz, eu tenho fintas. Arranho mas não escrevo a giz, eu troco tintas. Agarrado à rima como uma granada destravada, atiro lá de cima e vejo a cidade incendiada. É fogo de artifício, minha arte, meu ofício, já te disse que é um vício mas não faço caso disso. Mesmo que o medo tenha o peso de um elefante e a dor seja gigante, eu nunca fui a barca, serei sempre o comandante. Houve o medo de ter medo, houve o desespero que a perda trouxe. Houve a sede de ter emenda, a fenda foi a força e o medo foi-se. Houve a apatia, houve ansiedade, a mudança deu-se, houve serenidade. Houve posse, ciúme, auto-piedade, houve claridade. Mas por vezes, queria uns meses sem pôr os pés no meu mundo. Caio na real, sou complicada mas nem tanto, quero muito mais que um rosto cabisbaixo num canto. Entre a sensatez e o sonho, dar um sorriso sem timidez. Ser mais forte que o ciúme, assumo-me insegura, ou sismo que assim sou. Ser sensata e no sapato, saber chegar aonde vou. Moldar defeitos, não ter receios, mudar as leis. Desafiar-me além de canetas e papéis. Houve o medo em segredo, quedo, não há remédio. E no aperto de qualquer enredo, este caderno, é o meu médico. Aprendiz de Deus, sou única, brilho como o momento que termino. 
É o início.

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